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Após morte de dentista em delegacia, polícia avalia adotar novos protocolos em SC

Dentista encontrado morto em cela A Polícia Civil informou que vai adotar novos protocolos de atendimento após o dentista e servidor público Cezar Maurício ...

Após morte de dentista em delegacia, polícia avalia adotar novos protocolos em SC
Após morte de dentista em delegacia, polícia avalia adotar novos protocolos em SC (Foto: Reprodução)

Dentista encontrado morto em cela A Polícia Civil informou que vai adotar novos protocolos de atendimento após o dentista e servidor público Cezar Maurício Ferreira, de 60 anos, ser encontrado morto dentro da cela de uma delegacia horas após ser abordado por uma suposta embriaguez em São José, na Grande Florianópolis. O laudo toxicológico de Cezar apontou que ele não ingeriu bebida alcoólica. O exame da Polícia Científica concluiu que a causa da morte foi cardiopatia hipertrófica, uma doença cardíaca que provoca arritmia. ✅Clique e siga o canal do g1 SC no WhatsApp Mudanças de protocolo O delegado-geral, Ulisses Gabriel, cita que essas medidas devem incluir, o atendimento nas delegacias e a disponibilização de contatos de emergência para os cidadãos, que ficarão disponíveis nos sistemas dos agentes de segurança pública. "Se existir a suspeita de inconsistência no diálogo, buscarmos um atendimento médico de urgência e emergência para essa pessoa, para verificar se não há aí uma confusão entre sintomas de problemas de saúde com problemas de eventual prática de embriaguez ao volante", explicou o delegado-geral. A ideia também é capacitar os agentes. "Estamos fornecendo aos policiais kits de primeiros-socorros, com torniquetes e outros equipamentos, para garantir um atendimento pré-hospitalar adequado". Outra medida em avaliação é a criação de um sistema para avisar familiares em casos de emergência. A ideia é incluir um contato de emergência no perfil da pessoa dentro do sistema integrado de segurança pública, que seria informado ao fazer a carteira de identidade ou registrar um boletim de ocorrência. Morte do dentista e investigação Cezar Maurício Ferreira, de 60 anos, foi encontrado morto na cela de uma delegacia NSC TV/ Reprodução O dentista e servidor público Cezar Maurício Ferreira foi preso na noite de 18 de julho em São José após um acidente de trânsito em que ele bateu no carro da frente. Os policiais militares entenderam que ele tinha sinais de embriaguez e o levaram à delegacia. Cezar foi encontrado morto na cela da Central de Plantão Policial de São José na manhã do dia seguinte. A Polícia Civil declarou que não encontrou indícios de negligência policial na prisão do dentista. O delegado responsável pela investigação, Akira Sato, disse que a investigação concluiu que uma pessoa fora da área médica não teria condições de entender esses sintomas como patológicos. O que diz a família do dentista Confira abaixo a nota da defesa da família. A família do Dr. Cezar Maurício Ferreira tomou conhecimento, por meio da imprensa, do conteúdo apresentado na entrevista coletiva desta manhã feita pelos representantes dos Órgãos de Segurança Pública, na qual foi anunciada a conclusão do inquérito policial sobre sua morte. Até o presente momento, o Advogado da família não teve acesso oficial ao relatório preliminar ou relatório final e nem aos novos laudos e documentos mencionados na coletiva. Nossa solicitação foi feita ontem. Com a liberação do conteúdo, faremos a análise técnica e jurídica aprofundada que o caso exige. Não obstante, com base no que já temos, é possível verificar que subsistem indagações e questões sem respostas. Sobre isso, faremos uma manifestação detalhada sobre cada ponto da coltiva e do inquérito (e se chegar o material faltante, será incluído), que será apresentada em nossa própria coletiva de imprensa, hoje, às 14h. E independentemente do teor específico do relatório do inquérito, a posição da família e a expectativa da sociedade permanecem inalteradas. A única resposta à altura desta tragédia é a apresentação de um novo protocolo de abordagem policial, revisado e focado em preservar a vida, para que a insana sequência de erros que levaram o Dr. Cezar a uma prisão ilegal e a uma morte sem socorro médico nunca mais se repita. A coletiva era a grande oportunidade que as autoridades tinham para demonstrar com o que realmente se preocupam: com a vida humana, com a segurança dos cidadãos de bem, tal como era o Dr. Cezar. Para se chegar a isso, porém, só existe um caminho: cortar na própria carne. Isso significa que o relatório final do inquérito, para ter credibilidade, precisa ter mapeado e identificado, sem rodeios, todas as causas das ilegalidades e dos erros cometidos. A começar pelo pilar que sustentou toda a tragédia: a alegação de um "odor etílico". Essa premissa foi desmentida pela ciência, mas foi a base para a afirmação da "embriaguez ao volante", para a prisão e para a negligência na interpretação de sinais de um homem que precisava de socorro médico, e não de prisão. Além disso, há muitas respostas que a família e a sociedade ainda aguardam, e que esperamos tenham sido respondidas na coletiva das autoridades e no inquérito: Por que a família jamais foi comunicada oficialmente da detenção ou da morte, numa clara violação do Código de Processo Penal e de direitos humanos fundamentais? Se após a morte foi possível encontrar amigos nas redes sociais, por que o mesmo empenho parece não sido empregado para localizar um parente enquanto ele ainda estava vivo e precisava de ajuda? Se não houvesse a falsa alegação de "odor etílico", o Dr. Cezar teria sido levado para a delegacia ou para um hospital, como mandaria o bom senso? O que acontece com um policial que afirmou existir "odor etílico" em um documento público (usado como base para mandar o Dr. Cezar para a gélida cela) e em dois depoimentos, se o laudo toxicológico provou inexistir álcool no Dr. Cezar? Por que a sua condição cardíaca, evidenciada por uma cicatriz de marcapasso, foi completamente ignorada? Houve constatação e indicação da concentração dos medicamentos encontrados no sangue do Dr. Cezar? A concentração de 00,00000001mg ou 1g de medicamento é irrelevante para determinar se foi a causa da desorientação visível e mal estara que acometeram o Dr. Cezar? Por que ignoraram as hipóteses de um AVC ou de um infarto durante a abordagem, a prisão e todo o período em que ele esteve sob custódia na cela? No interrogatório do Dr. Cezar, a presença física da autoridade mais experiente aumentaria ou não as chances de perceberem a emergência médica? Ou um interrogatório virtual é algo indiferente para fins de chances de evitar a morte de alguém que precisava de socorro? As autoridades de Santa Catarina estão diante de um dilema que foi exposto ao público às 9h da manhã. Ou apresentam uma investigação que gerou um protocolo novo, criado para salvar vidas e que assume as falhas fatais que ocorreram, cortando na própria carne para evoluir; ou se limitarão a uma narrativa superficial, na tentativa de justificar o injustificável: a prisão e a morte de um inocente, cuja reputação não será assassinada. No fim, a escolha é simples: ou as autoridades agem para salvar a sociedade de futuras tragédias, ou agem para salvar agentes públicos das consequências de seus erros. As duas coisas não podem coexistir em um Estado que se pretende sério e seguro para seus cidadãos. Wilson Knöner Campos (OAB/SC n. 37.240) Advogado da Família do Dr. Cezar Maurício Ferreira O que diz a PM Confira abaixo a nota da Polícia Militar sobre o caso: A Secretaria de Estado da Segurança Pública, a Polícia Militar e a Polícia Civil lamentam profundamente o falecimento de Cezar Maurício Ferreira e se solidarizam com seus familiares e amigos neste momento de dor. Cezar foi abordado por policiais após colidir seu veículo na traseira de outro carro. Durante a abordagem, os agentes identificaram sinais de alteração psicomotora. Ele conversava com os policiais e apresentava indícios de estar sob efeito de álcool ou medicação, não tendo, no entanto, relatado qualquer problema de saúde. Diante do quadro, foi conduzido à delegacia para os procedimentos legais, onde ocorreu o fato relatado. Os procedimentos adotados pelos policiais militares estão sendo analisados em inquérito policial militar e a PMSC só poderá se manifestar depois de todos os tramites necessário serem finalizados e o laudo pericial for apresentado oficialmente. Da mesma forma, a Polícia Civil está com inquérito policial em instrução para apurar a causa da morte, com base no laudo oficial da Polícia Científica. O que diz a defesa dos militares envolvidos A defesa dos dois policiais militares que abordaram Cezar é feita pelo advogado Frederico Gebauer. Ele disse que “não houve nenhum tipo de negligência por parte dos policiais militares que realizaram a condução. Os policiais militares conduziram o doutor Cezar de acordo com os protocolos exigidos pela Polícia Militar”. “O doutor Cezar, em que pese ter falecido na delegacia, apresentava sintomas de alteração psicomotora, e, pelos sintomas apresentados pelo doutor Cezar, os policiais não tinham como adivinhar e ter a ciência de que poderia ele estar sofrendo de algum mal súbito, até porque ele mesmo não informou isso aos policiais militares”, completou. VÍDEOS: mais assistidos do g1 SC nos últimos 7 dias